Ailton Krenak, Filósofo indígena e imortal da Academia
Brasileira de Letras nos diz que: “os rios, esses seres que sempre habitaram os
mundos em diferentes formas são quem nos sugere que, se há futuro a ser
cogitado, esse futuro é ancestral porque já estava aqui”.
Sou Michael Carvalho, sou caçula de 8 irmãos nascido no Município
de Santana, Amapá, migrei para o Estado do Pará aos dois anos, após ficar órfão
de mãe. Hoje tenho 39 anos e sou engenheiro de produção.
A Mazodan surgiu do potencial sustentável que a Amazônia tem
de oferecer soluções... a natureza, a ciência e o social, andando lado a lado,
Uma das nossas principais matérias-primas é o sedimento
mineral do Rio Amazonas; transitam nos rios da Amazônia mais de 1 bilhão e 200
milhões de toneladas desse material, boa parte dele, vem se depositar aqui na
frente da cidade de Macapá, o chamado “arco lamoso”. O que a Mazodan defende? Que
a gente utilize esse material, que a gente traga renda com ele, que a gente
traga qualidade de vida, mas que a gente inclua as pessoas da floresta nessa
modalidade econômica.
Outra matéria-prima que utilizamos é o rejeito do processo de
extração do caulim... pega novamente o material que cria o passivo ambiental e
transformamos novamente no produto que vai trazer solução para construção civil.
Nossa outra matéria-prima é o rejeito do processo de britagem de rochas e com a
chuva com a dificuldade de armazenar esse material, muito das vezes ele pode
parar nos rios da Amazônia ajudando, também, no processo de assoreamento. A
gente não tá dizendo que a gente quer ir lá no Rio Amazonas e colocar máquinas,
colocar equipamento pra perfurar o Rio e trazer transtornos pra natureza, pelo
contrário, a gente defende o modelo econômico baseado no extrativismo, no
manejo sustentável das riquezas da Amazônia.
A Mazodan é uma empresa que se baseia em três pilares:
1º Pilar: Desenvolvimento sustentável. Nossa matéria-prima, rejeitos e sedimentos, buscamos da natureza o que traz os passivos ambientais pra transformar isso em materiais novos.
2º Pilar: Desenvolvimento econômico. De que forma? A gente utiliza os rejeitos e sedimentos, mas defendemos que, o manejo desse material e a forma como ele vai chegar pra gente, seja de forma inclusiva, para que elas levem para as famílias uma nova modalidade de trabalho e de renda.
O nosso 3º Pilar: Responsabilidade social. O nosso modelo de construção é o modelo inclusivo, qualquer pessoa vai poder construir a sua casa com esse material.
Hoje uma dificuldade de projetos como o meu ou outras
startups tem, é de colocar o seu produto no mercado. Nós temos anos de pesquisa,
nós temos anos de estudo, temos muito apoio dos meios acadêmicos, mas quando
chega na hora da gente colocar o nosso material, nossa solução no mercado, é
como se o próprio mercado não tivesse preparado para essas novas modalidades. O
que a gente precisa hoje é de oportunidade. A gente precisa que organizações e
que o governo acreditem no potencial do que estamos desenvolvendo. E é isso que
hoje estamos buscando, parcerias, pessoas e organizações que acreditam nesse
propósito.
“Esses meninos que vejo em minha memória, não estão correndo atrás de uma ideia prospectiva do tempo, nem de algo que está em algum outro canto, mas do que vai acontecer exatamente aqui, neste lugar ancestral, que é seu território... dentro dos rios. Nossos pais dizem que nós já estamos chegando perto de como era antigamente”.
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