Do rio à construção civil: conheça a startup que utiliza sedimentos para diminuir custo da construção e impacto ambiental
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Sonho de consumo nacional, adquirir um imóvel ainda é algo distante da realidade da maioria dos brasileiros, que mal conseguem sobreviver com uma renda que gira em torno do salário-mínimo! Apesar dessa dificuldade, a indústria da construção tem se reformulado constantemente para produzir mais e melhor, o que representa um esforço para baratear o custo da construção, por meio da introdução de materiais e insumos mais econômicos e sustentáveis. É assim que uma startup do estado do Amapá promete diminuir os custos da construção e os impactos ambientais relacionados, como? Utilizando sedimentos do Rio Amazonas para composição do cimento, por exemplo!
Essa
é a proposta da startup Mazodan (muralha verde), sediada em Macapá e que
propõe, em um modelo sustentável, a utilização de sedimentos dos rios e
rejeitos da mineração para compor os insumos necessários nos canteiros de obra,
como a argamassa.
De
acordo com o idealizador da Mazodan, Michael Carvalho (foto), engenheiro de
produção e pesquisador, a empresa foi criada para resolver a dor de quem quer
comprar um imóvel e não tem condição financeira, e reduzir impactos ambientais
em consequência da construção.
“O
projeto nasceu da vontade de querer solucionar problemas na construção civil e
torná-la mais acessível. Queremos criar toda uma nova modalidade de materiais e
sistemas de construção, onde a premissa é – não trocar nossa mão-de-obra por
modelos construtivos que venham a tirar o emprego do trabalhador da construção
civil. Buscamos o contrário, melhorar o produto, de forma sustentável e
customizado com tecnologia e uso de recursos locais que gerem uma cadeia de valor
e emprego na nossa própria região”, comenta Michael, que ocupa o posto de CEO
na startup.
Segundo
Michael, o diferencial da tecnologia da Mazodan está na obtenção e aplicação
das matérias-primas. Conforme números divulgados pelo empreendedor, o volume de
rejeitos e sedimentos no Rio Amazonas é reposto em 1,2 bilhão de toneladas ao
ano. Dessa forma, entre 20% e 25% do total, em cálculos e projeções, poderiam
integrar a mistura do cimento, substituindo-o parcialmente sem perdas de
resistência, como apontado pelo engenheiro.
Em
outro comparativo, as estimativas indicam a proteção dos recursos ambientais e
da atmosfera. Um saco de cimento com 50 kg gera 42kg de dióxido de carbono. A
embalagem da ‘Argamassa Polimérica Mazodan’, com o mesmo peso e o uso dos sedimentos,
zera o índice do composto, conforme o CEO.
“Fazemos
um duplo trabalho sustentável, industrializamos os rejeitos e sedimentos que
vão para os canteiros de obras substituir cimentos e agregados. Veja que 1.200
kg da argamassa Mazodan contribuem da seguinte maneira: 1.000 kg de rejeitos
para formulação de sua composição substituem 24.000 kg de argamassa cimentícia
para a mesma atividade na construção civil”, acrescenta Michael, com base nas
projeções já realizadas em produtos da marca.
Conforme
Michael, essa cadeia produtiva, se viável na íntegra, poderá gerar mais de 1
mil empregos para ribeirinhos com a coleta e venda da matéria-prima, além da
injeção de R$ 40 milhões na balança comercial amapaense.
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